terça-feira, 11 de maio de 2010

"E não te esqueças de mim"

Um dia o Renato Russo falou:

“Mas então, por que eu finjo
Que acredito no que invento?”

Quando ouvi isso tinha 16 anos, achava que não pertencia a este mundo e não tinha interlocução. Não sabia entender o mundo e sentia que o mundo também não me compreendia.

Se o fato de na época não ter compreendido a frase em questão, o que dizer do nome da música: “Acrilic on Canvas”?

Era bom não compreender. E eu sempre digo que a sabedoria nasce da dúvida. Diferente de hoje, onde o Google não nos dá nem o benefício da dúvida. Há somente certezas, na maior parte das vezes, falsas certezas.

Aos 14, havia lido Spinoza. Duvidava de coisas tão simples, mas a curiosidade me movia. Uma das coisas que lembro de Spinoza, é que ele disse que “o esforço para compreender é a primeira e única base da virtude.”

Hoje, quase aos 40, sou a soma de tudo que li, ouvi e vi. Algumas coisas permanecem em mim. Ainda finjo que acredito em coisas que invento e me esforço diariamente para compreender. A dúvida me seduz e as certezas me deprimem.

Ser adulta tem sido cada vez mais chato e muitas vezes quando me procuram, tenho mesmo vontade de dizer “sinto muito, ela não mora mais aqui”.

6 comentários:

  1. nunca mais volto a esse blog, risco de vida.

    lindissimo, com dúvida*.


    certeza.

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  2. Ah, que coisa mais linda. Apesar de gostar das certezas, as tuas dúvidas me encantaram!

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  3. "Pois o belo muda, o saber muda, a inteligência muda, a medida muda. Mas o desejo é inalterável." (RF)

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  4. Eu preferia não entender o q Renato tava dizendo e voltar a 1991 e curtir apenas a melodia....

    EugRibeiro

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  5. e várias daquelas palavras, naquele momento, não deveriam mesmo ter sido compreendidas.
    a dor seria maior...

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  6. Já disse que achei espetacular! Qualquer coisa além disso beira um perigo qualquer, que ninguém sabe, mas está bem ali...

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