Um dia o Renato Russo falou:
“Mas então, por que eu finjo
Que acredito no que invento?”
Quando ouvi isso tinha 16 anos, achava que não pertencia a este mundo e não tinha interlocução. Não sabia entender o mundo e sentia que o mundo também não me compreendia.
Se o fato de na época não ter compreendido a frase em questão, o que dizer do nome da música: “Acrilic on Canvas”?
Era bom não compreender. E eu sempre digo que a sabedoria nasce da dúvida. Diferente de hoje, onde o Google não nos dá nem o benefício da dúvida. Há somente certezas, na maior parte das vezes, falsas certezas.
Aos 14, havia lido Spinoza. Duvidava de coisas tão simples, mas a curiosidade me movia. Uma das coisas que lembro de Spinoza, é que ele disse que “o esforço para compreender é a primeira e única base da virtude.”
Hoje, quase aos 40, sou a soma de tudo que li, ouvi e vi. Algumas coisas permanecem em mim. Ainda finjo que acredito em coisas que invento e me esforço diariamente para compreender. A dúvida me seduz e as certezas me deprimem.
Ser adulta tem sido cada vez mais chato e muitas vezes quando me procuram, tenho mesmo vontade de dizer “sinto muito, ela não mora mais aqui”.
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nunca mais volto a esse blog, risco de vida.
ResponderExcluirlindissimo, com dúvida*.
certeza.
Ah, que coisa mais linda. Apesar de gostar das certezas, as tuas dúvidas me encantaram!
ResponderExcluir"Pois o belo muda, o saber muda, a inteligência muda, a medida muda. Mas o desejo é inalterável." (RF)
ResponderExcluirEu preferia não entender o q Renato tava dizendo e voltar a 1991 e curtir apenas a melodia....
ResponderExcluirEugRibeiro
e várias daquelas palavras, naquele momento, não deveriam mesmo ter sido compreendidas.
ResponderExcluira dor seria maior...
Já disse que achei espetacular! Qualquer coisa além disso beira um perigo qualquer, que ninguém sabe, mas está bem ali...
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